terça-feira, 20 de julho de 2010

O Céu não é de bronze 1



Desde criança eu sempre vi a Deus como uma Pessoa. Por causa disso, não conseguia entender porque se faziam longas e repetitivas orações para pedir algo a Deus, já que Ele é uma Pessoa. Quando eu queria algo de meu pai, chegava abertamente e lhe falava poucas palavras, mas que expressavam a minha intenção. “Pai”, eu dizia com 7 anos de idade, “o senhor pode aumentar o dinheiro da minha merenda na escola?”. “Não”, foi a resposta limpa e seca. “Um cruzeiro já está de bom tamanho pra você”.

Eu não precisei fazer nenhum ritual nem ficar diante dele repetindo: “Me dá mais dinheiro, me dá mais dinheiro, me dá mais dinheiro...” Certamente, ele me levaria ao médico ou me cortaria a palavra, dizendo: “Para de falar que eu não sou surdo!”

Claro que eu também não precisaria me dar por satisfeito com aquela resposta, eu poderia expressar de uma só vez que eu passava fome no recreio com aquele valor. Ele teria mudado de ideia e me acrescentado mais alguns centavos.

Houve, entre nós, um diálogo, não um mantra repetitivo tentando acionar nele um dispositivo favorável a mim. Mas uma conversa entre duas pessoas.

Por que não fazemos o mesmo com Deus? Acaso Deus é surdo? Irredutível? Tem má vontade? Claro que não. Há pessoas que fazem até promessas para serem ouvidas como se Deus fosse um ser esquizofrenizado que adora sacrifícios inúteis dos homens, como andar de joelhos em escadas ou deixar de cortar o cabelo do filho etc. Creio que as “vãs repetições” que Jesus se referiu nascem, talvez, de um coração duvidoso, achando que pelo muito falar será ouvido, como se o Céu fosse de bronze e precisasse ser perfurado. Mas não é isso que a Bíblia e a experiência me dizem.

Na verdade, o Céu é uma Pessoa!

Para mim, uma das passagens mais emocionantes da Escritura se encontra em 2Reis 20. O rei Ezequias adoeceu e o profeta Isaías, mandado por Deus, visitou-lhe em seus aposentos reais e lhe disse que colocasse em ordem sua casa, pois aquela doença era para morte. O profeta saiu e Ezequias ficou sozinho. Voltou-se, então, para a parede e orou, num misto de desabafo e lamento: “Ah, Senhor!... Lembra-te que andei em tua presença com o coração íntegro”. E chorou copiosamente. Não mais conseguiu falar.
Isaías ainda estava no pátio central do palácio quando o Senhor lhe disse: “Para e volta. Diz a Ezequias que ouvi sua oração e vi suas lagrimas, eis que vou curá-lo e acrescentarei quinze anos a sua vida...”

Ezequias fez apenas uma oração, única, de poucas palavras, e chorou. Foi ouvido na hora e atendido imediatamente! Deus havia determinado que tinha chegado sua hora de morrer, contudo, Seu coração foi movido pela dor daquele homem e Ele mudou Sua sentença. Qual pai não mudaria de opinião diante de um pedido sincero de um filho?

Eu tive uma experiência semelhante a essa que quero relatar a seguir na parte dois.

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