quinta-feira, 15 de julho de 2010

Café, Capuccino, Chocolate quente 1



Durante muitos anos, a cidade em que moro, Fortaleza, sofreu com o mau atendimento dos garçons e balconistas dos bares e cafés. Na verdade, estes somente começaram a surgir na capital cearense no fim dos anos 80 e início dos 90. Antes desse tempo, havia apenas o tradicional cafezinho, quase de graça, numa cafeteria na esquina com Rua Barão do Rio Branco com Guilherme Rocha, no Centro, onde hoje é a Rommanel.

Era um café de balcão, pé sujo, que se tomava rapidinho, na correria. Tomei uma vez e não vi graça nenhuma. Era servido em escala quase industrial, com bandejas de pequenas xícaras fumegantes lavadas na água fervente. A maioria dos clientes era de pessoas mais velhas.

Com a inauguração em 1982 do Shopping Iguatemi e a abertura de uma loja do Café Guimarães começou na cidade o hábito de estar na rua e pagar para tomar café. Era o início do “café com charme”. Até então, fim da década de 70 para 80, o hábito de tomar café ficava restrito às quatro paredes do lar. E café era algo tão corriqueiro, barato e fácil de fazer, além daqueles que eram oferecidos gratuitamente pelas demonstradoras dos supermercados, que era então impensável pagar para tomar café na rua, fora uma vez ou outra. Não havia, ainda, a cultura dos Cafés, aqueles que ajudaram Paris a ficar famosa desde o início do século 20.

A primeira vez que paguei por um café na minha vida foi no começo da década de 90 no Café Guimarães no Iguatemi. Mas não era um café que estava acostumado a tomar, era um expresso, ou espresso como querem alguns, com creme! Sim, ali em pé no balcão, uma xícara me foi servida com o café preto fumegando. Em seguida, uma pistola de inox teve o bico posicionado para o centro da xícara e um creme branco desceu sobre ele. Ao tocar no café, houve um choque térmico que levantou um suave ar quente. O creme cresceu em espiral. Com uma colherinha, quebrei lentamente o chantilly e cavei um pouco do café, levando a colher à boca com a mistura inusitada.

Foi amor ao primeiro sabor! Nunca tinha me ocorrido que aquela junção aparentemente díspare poderia combinar tanto. Realmente delicioso. E o expresso era algo novo pra mim também: mais forte, mais encorpado, mais marcante. Ali, estava dando adeus ao Café Coado Caseiro e um bem-vindo à Era dos Cafés Expressos.... Mas pouco depois a loja do Guimarães fechou. Foi uma pena. Pior: não havia outro lugar para tomar café.

Pouco tempo depois alguns Cafés foram sendo abertos na cidade, consolidando a tendência de um espaço sofisticado para bater papo enquanto se saboreia um bom cafezinho. Gostaria de listar alguns e comentar sobre eles na segunda parte desse post.

Nenhum comentário:

Postar um comentário