quinta-feira, 26 de agosto de 2010

De volta ao batente


Foram quinze dias de afastamento do trabalho, das ruas, dos bares da vida, dos cafés, dos amigos... Mais de duas semanas longe deste blog, redes sociais, internet... Estou de volta ao batente hoje, à vida normal, cotidiana. É incrível olhar para trás e ver quanta coisa vivi nestes quinze dias convalescendo de uma cirurgia dita como simples. Mas para mim, cirurgia com anestesia geral não tem nada de simples, a começar pela própria anestesia. Minha vida mudou radicalmente nesse período e, o mais incrível de tudo, não fiz, literalmente, nenhum esforço para isso. Passava o dia deitado, sentado, pensando na vida, assistindo filme e fazendo nada o dia inteiro. E o mundo se revolucionando ao meu redor. É isso, bom estar de volta à normalidade e à sensação de saúde física. A vida continua e com novo oxigênio.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Barquinho










Será que os peixes choram dentro d’água?

Na imensidão do mar lágrimas são apenas sal.

Eu pensei que conhecia a solidão até navegar num barquinho.

Condenado a tocar o horizonte eu sou.

Em breve este pequeno afundará.

Uma pequena embarcação jamais suportaria o peso

de tanta dor.

Problema dele. Eu é que não suportarei.

Que naufrague ele e não eu.

Que naufrague a dor!

Cartas do Mar









Querida,

Levantarei a adriça, vou arribar!

Os ventos alísios só nos levam para o bem.

O Aracati amofina a flora e fustiga os animais.

Teus olhos verdes têm a cor do mar da minha terra.

O azul do céu é o que me rodeia quando estou contigo.

Essa luminosidade tem o som de risos.

Aportarei aonde houver trigo e amigos para beber.

Escreverei cartas do mar no convés do exílio.

Serão muitas enquanto o sol queima minha face.

Algumas ficarão sem continuidade

pelas folhas levadas pelo vento.

Não as reescreverei, o tempo não me dá tempo.

Só queria te dizer que te amo muito de longe,

enquanto brigo muito de perto.

É fácil amar à distância.

As orcas sempre vêm me ouvir ler tuas

cartas em voz alta.

Querem aprender sobre a saudade.

Amo os alísios, mas eles me levaram para longe de ti.

Não próxima correnteza eu volto.

Beijos.