segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Cartas do Mar
Querida,
Levantarei a adriça, vou arribar!
Os ventos alísios só nos levam para o bem.
O Aracati amofina a flora e fustiga os animais.
Teus olhos verdes têm a cor do mar da minha terra.
O azul do céu é o que me rodeia quando estou contigo.
Essa luminosidade tem o som de risos.
Aportarei aonde houver trigo e amigos para beber.
Escreverei cartas do mar no convés do exílio.
Serão muitas enquanto o sol queima minha face.
Algumas ficarão sem continuidade
pelas folhas levadas pelo vento.
Não as reescreverei, o tempo não me dá tempo.
Só queria te dizer que te amo muito de longe,
enquanto brigo muito de perto.
É fácil amar à distância.
As orcas sempre vêm me ouvir ler tuas
cartas em voz alta.
Querem aprender sobre a saudade.
Amo os alísios, mas eles me levaram para longe de ti.
Não próxima correnteza eu volto.
Beijos.
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