segunda-feira, 5 de julho de 2010

A arte de andar de moto em Fortaleza 1


Vamos falar francamente: andar de moto em cidade grande é preciso mais do que técnica de pilotagem, é preciso talento.

Agora, andar de moto em Fortaleza, capital do Ceará, é necessário mais do que isso, é preciso ser abençoado!

Para uma motocicleta cair, basta ela parar. Se não apoiar o pé no chão ela vira. Simples assim. Mas andando, a coisa é diferente!

Essa maravilha da invenção humana chamada “motor” torna uma máquina de duas rodas tão estável quanto se fosse um quadriciclo. A estabilidade da minha motocicleta cross é fantástica. Seja em qualquer terreno ela segura bem. Até nos “sabonetes” das areias da praia ela passa com autoridade.

Nas ruas de Fortaleza, no entanto, existem dois perigos sempre à espreita. O primeiro deles, mas nem tão ameaçador, embora não se deva ignorá-lo, são os coitados dos motoqueiros entregadores de pizza.

Digo “coitados” porque aquilo não é andar de moto, aquilo é uma corrida desesperada pela sobrevivência, é o operário da motocicleta, o pião de duas rodas, cuja função diária e estressante lhe rouba o prazer da boa cavalgada no cavalo de aço.

Esses caras nem se lembram mais se andar de moto dá prazer. Ainda trazem no peito aquela paixão inicial – essa é difícil sair - , mas o pangaré de ferro que conduzem não é o melhor de seus pares. Cilindrada baixa, amortecedores a desejar e sem estilo fazem dessas motos meras sombras no asfalto, embora muito úteis. Só se divertem de fato no domingo ao ir a praia com a mulher na garupa e o filho pequeno no meio.

Esses motoqueiros são pressionados a entregas cada vez mais rápidas. Algumas pizzarias atrelam a comissão desses profissionais à quantidade de entregas. Dito isso, dá pra imaginar porque esses motoqueiros voam feito loucos pelas ruas. Sobem calçadas sem cerimônia, ultrapassam pela direita tirando fina, passam o sinal vermelho em qualquer horário, aceleram forte nos corredores, se arriscam em manobras irrefletidas e entram na contra-mão quantas vezes for necessário.

Sempre que os vejo, mantenho distância. Paro até longe deles. Já levei grandes sustos com seu jeito irresponsável de pilotar. Sinceramente, prefiro andar perto dos carros. Paradoxalmente, os motoristas tem mais cuidado com os motoqueiros do que estes próprios com seus colegas!

A amizade entre motoqueiros é um mito. Enquanto a moto está em movimento parecem mais adversários do que parceiros. Essa identificação só aparece mesmo quando acontece um acidente. Basta um moto esta caída no chão que, sem aviso prévio, vários motoqueiros param e ficam ali ao lado querendo saber o que houve, como uma espécie de pressão ao motorista. Nisso, todos somos solidários: bateu num motoqueiro, bateu em todos.

Mas por que tem acontecido tantos acidentes de moto? De quem é a culpa?

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