quarta-feira, 9 de junho de 2010

Seleção do povo ou seleção do Dunga?


A seleção de Sebastião Lazaroni da Copa de 1990 na Itália entrou para a história do futebol brasileiro como uma das piores até os dias de hoje por adotar uma filosofia apenas de resultados. A seleção passou com dificuldades pela primeira fase com vitórias apertadas e foi eliminada pela Argentina precocemente nas oitavas. Foi a pior campanha brasileira desde 1966. O time tinha bons jogadores, como Bebeto, Romário, Branco e Taffarel, entre outros, que se tornariam heróis do Tetra na Copa dos EUA de 94. Dunga também estava lá e, por causa de um esquema exageradamente defensivo e pragmático, aquele futebol feio ficou conhecido como Era Dunga, um jogador apontado pelos críticos como combativo, porém limitado.

Aquele futebol “feio” foi uma resposta ao futebol “lindo” da seleção da Copa da Espanha de 1982, em que estrelas incontestáveis como Zico, Sócrates, Falcão e companhia brilhavam nos gramados há anos. Aquela Copa seria a consagração deles, e de uma seleção amada pelo povo, convocada por Telê Santana, com grandes craques e um futebol ofensivo e criativo. Infelizmente, ela foi eliminada pela medíocre Itália, numa derrota que foi chamada de “a tragédia do Sarriá”. Depois disso surgiu a máxima: “É melhor jogar feio e ganhar do que jogar bonito e perder”. Será?
Na Copa de 86 no México, a seleção ainda era uma seleção expressiva, mas não levou. Perdeu para a França e Zico, dizem, perdeu um pênalti. Mas Zico não perdeu o pênalti, o goleiro pegou. Quem perdeu o pênalti foi Platini que jogou a bola por cima do gol. Então veio a Copa da Itália e a Era Dunga, depois a vitória na Copa dos EUA em 94, quando um “empate era um grande resultado” e o Brasil foi campeão.

As ironias do futebol: Zico, o grande, o craque, um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro e um dos maiores do mundo não foi campeão mundial com a camisa amarelinha, mas Dunga, o limitado, levantou a taça em 94, dizendo um palavrão ao fazê-lo, num desabafo aos jornalistas que tanto o criticaram. A vida é injusta, mas é a vida.

Dunga está de volta e hoje, pasmem!, é técnico da Seleção Brasileira. É claro que sempre torci por ele nesse novo cargo e considero sua vitória na Copa das Confederações de virada sobre os EUA como seu maior momento. Suas conquistas com a seleção têm sido expressivas, com boas campanhas. Mas a seleção que ele convocou é a seleção dele, não nossa. Não é a seleção do povo. Ontem, ao olhar para os jogadores, mal consegui identificá-los. Kaká, Robinho e Luís Fabiano.... E quem mais?

Ele deixou de fora Adriano! E daí se o cara tem problemas pessoais fora de campo? Que temos com isso! Queríamos vê-lo dentro do campo, sua vida fora não nos interessa! Pelo menos eu não me interesso.

Não convocou Ronaldinho Gaúcho. Bem, o cara vem mal faz tempo, mas valia a presença dele pelo menos pra puxar o sambinha do hotel pro estádio... Quem sabe não rolava um lance brilhante na cabeça dele e faria grande diferença?

Ganso e Neymar, o clamor de última hora. Por que não levar pelo menos um deles? Por que ficar contra a opinião geral sempre parece uma decisão inteligente, quando muitas vezes não é? Parreira levou Ronaldo Fenômeno em 94, cedeu à torcida, mas não o colocou para jogar. Esses técnicos são muito sábios!

Na Copa do Japão e Coreia em 2002, Felipão ficou contra o país inteiro: ele não levou Romário. Dizem que ele esperava que Romário participasse de um jogo preparatório, para Felipão importante, mas que o baixinho não quis ir. E o técnico considerou isso como traição e não o convocou mais. Levou pro lado pessoal? E nós com isso de novo! Felipão nos impediu de ver o baixinho novamente jogando pela seleção numa Copa do Mundo! Aquela seleção foi campeã? Foi, e daí? Não queremos apenas resultado, queremos a diversão da trajetória dos jogos, ver os grandes jogadores em campo, nos divertirmos e nos emocionarmos com suas jogadas. Em 98 na França, Romário se machucou e teve de ser cortado, então 2002 era sua última Copa.
Agora na Copa da África do Sul de 2010, temos uma seleção sem grandes estrelas em campo. É considerado um time coeso. Para mim é uma incógnita. Não tenho ideia do que vai acontecer, se se sairá bem ou não. É ruim torcer por um time quando não nos identificamos com os jogadores, não os conhecemos bem. É um grupo de jogadores com sobrenome: Felipe Melo, Gilberto Silva, Michel Bastos, Daniel Alves, Tiago Silva... Fogem a tradição dos prenomes únicos ou apelidos. Estranho.

Espero que durante o torneio possamos conhecer bem esses jogadores através de um desempenho brilhante. Vou torcer pela seleção do Dunga, mas não queria que ela ganhasse a Copa apenas, queria que ela jogasse muito bem, nos divertisse e nos empolgasse. Ou seja: que nos apaixonássemos por ela. Mas se isso não for possível, bem, vou torcer assim mesmo para que ela seja campeã, pelo menos para ter mais quatro anos de promoção TIM a 0,25 por ligação TIM, TIM local e DDD.
Avante, Brasil!

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