sexta-feira, 4 de junho de 2010

Israel contra os ativistas “pacíficos”




Só o que se fala estes dias é sobre o ataque de Israel ao navio de ativistas de maioria turca levando toneladas de alimentos a Gaza. A ação de Israel teve um desdobramento imprevisível com final trágico: nove ativistas mortos e alguns soldados feridos. O mundo inteiro ficou contra Israel, pra variar.

Ninguém esperou explicações do Estado judeu, condenaram logo, como se Israel fosse um Estado maléfico governado por um déspota que tem como prática usual matar palestinos e pró-palestinos por esporte. A demonização de qualquer represália de Israel contra seus inimigos é sempre imediata. Seu direito de defesa é constantemente relativizado.

Mas quem é afinal, Israel, para suscitar tamanha má vontade da ONU e de todos os países do mundo? Em pinceladas muito rápidas queria lembrar só uma coisa:

1º Israel foi fundado legitimamente por uma votação da ONU em 1948, após a tragédia do Holocausto judaico.

2º Décadas antes, os judeus haviam comprado muitas terras com o fundo sionista, isto é, nunca invadiram terra de árabe algum.

3º Os hoje chamados “refugiados palestinos” jamais foram expulsos pelos judeus, mas pelos próprios árabes que os avisaram a sair do caminho, pois uma imensa coalizão de exércitos faria uma “grande guerra de extermínio contra os judeus”. Não bastou o Holocausto provocado pelos nazistas, os árabes queriam fazer o deles com os judeus, completar o trabalho que Hitler quase conseguiu, a Solução Final palestina. Os palestinos atenderam os árabes e foram embora. Os que ficaram, Israel os assimilou como cidadãos.

4º Israel venceu cinco guerras defensivas. Os chamados “territórios ocupados” por Israel foram conquistados através de guerras em que eles foram agredidos e nunca os agressores.

5º Israel é a única democracia plena no Oriente Médio, parlamentarista, com imprensa livre e direito de voto e culto a todos. Os árabes israelenses têm partido político e representação no Knesset, o Parlamento. Um privilégio impensado para qualquer judeu no mundo árabe.

Então, por que o mundo sempre fica contra Israel, quando quem flagrantemente quebra todos os acordos de paz são os palestinos? Ora, no dia em que Israel saiu de Gaza, para cumprir os acordos que se comprometeu, o Hamas lançou mísseis para o território de Israel. E continuou lançando durante anos mais de 2000 mísseis! Até que Israel perdeu a paciência e invadiu Gaza para pôr fim aquilo com a Operação Chumbo Moldado, em 2009. Claro que ela foi condenada também.

A ONU já condenou Israel cento e vinte vezes! Sabe quantas vezes a ONU condenou o Hamas e a Fatah de Arafat pelos homens-bomba e os mísseis lançados sobre Israel mesmo depois de firmada a paz em Oslo? Nenhuma vez! Será que o mundo está louco, cego e surdo?

Mas e os ativistas? O contexto é o seguinte: Há um embargo de Israel contra a Autoridade Palestina legitimado pela ONU por causa do contra-bando de armas. Todos os dias, 15 mil toneladas de alimentos vistoriados entram em território palestino por terra autorizado por Israel. Os navios se lançaram ao mar para descumprir uma lei conscientemente. Eles sabiam que havia o embargo. E assim mesmo foram. Israel mandou que eles fossem para o porto de Ashdod, eles desobedeceram. Seguiram em frente para a faixa palestina.

Os helicópteros sobre os navios insistiram, eles continuaram. Então os soldados desceram e foram recebidos a pauladas! Que cena estranha! Ativistas humanitários recebendo soldados que controlam o país que eles planejavam burlar a lei à pancadas com paus e barras de ferro? As imagens dos vídeos não deixam dúvida alguma: os soldados foram cercados por vários ativistas que os espancaram sem dó nem piedade! A reação esperada dessas “pessoas de boa vontade” era levantar os braços e se render para saber o que estava acontecendo. Mas eles sabiam muito bem o que estava acontecendo, sabiam muito bem o que estavam fazendo. Alguns atacaram com facas e correntes, até que os soldados receberam ordens para atirar em legítima defesa.

A reportagem da semana foi o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, dizendo, indignado, que era um absurdo aquela reação de Israel contra “ativistas pacíficos”. Não sei se foi intencional, mas assim que ele disse isso a edição do jornal colocou os “ativistas pacíficos do Amorim” dando pauladas num soldado caído no chão, deixando a imagem no ar enquanto o ministro, em off, os chamavam de “pacíficos”. Foi ridículo. Aliás, a política externa do Sr. Amorim é lamentável, uma bola fora atrás da outra.

Hoje já se sabe que a liderança desse grupo que foi a Gaza é ligada ao Hamas e que aquele comboio humanitário foi mais uma estratégia para colocar Israel em maus lençóis com a opinião mundial. Arafat fazia isso sempre, era um mestre do desastre. Se havia realmente ativistas humanitários sinceros naqueles navios, não passam de inocentes úteis a serviço de propaganda anti-Israel dos terroristas do Hamas.
A perda de vidas humanas é lamentável. Contudo, a história parece que não acabou. Para estas horas, está prevista a chegada do cargueiro irlandês Rachel Corrie, com a clara intenção de furar o bloqueio de Israel. A provocação não tem fim. Curiosamente, esta organização tem o nome de Free Gaza.

Um bando de idiotas antissemitas que não enxergam um palmo a frente do nariz. Gaza livre?! De quem? Ora, há alguns anos Israel se retirou de Gaza oficialmente deixando todo o território nas mãos do Hamas e da Fatah, cumprindo os acordos de paz. Sabe o que eles fizeram? Começaram uma guerra fratricida pela tomada do poder. Tornaram-se inimigos mortais. O serviço público ficou paralisado. Nada funcionava, era uma terra de ninguém. As pessoas eram assassinadas nas ruas. Ambulâncias eram paradas e os feridos da outra facção metralhados. Duas organizações cheias do dinheiro de doadores europeus e Gaza na miséria. Arafat morreu com milhões de dólares no banco e seu povo vivendo em condições de quarto mundo. Livres de quem? Crianças que são ensinadas a odiar Israel desde cedo é que deviam ficar livres dessa influência maligna para estancar essa corrente de ódio. Ah, sim: nesse meio tempo, eles continuaram jogando mísseis contra Israel, que já tinha caído fora dali. Aí Israel voltou.

O Estado de Israel é literalmente rodeado por inimigos mortais. Nesses tempos de Copa do Mundo é simbólico dizer que a seleção israelense tem que disputar as eliminatórias na Europa, pois não é aceita no Oriente Médio.

Qualquer país do mundo faria a mesma coisa que Israel fez, pararia os navios, mas só Israel não pode se defender. Os soldados erraram, a meu ver. Aquelas mortes poderiam ter sido evitadas. Mas desse último acontecimento com os navios de ativistas, como também tantos outros, mostra-se, através da reação mundial, que Israel não está sitiado apenas pelos seus inimigos territoriais, mas sitiado pelo mundo. Não é à toa que aconteceu o Holocausto.

4 comentários:

  1. germano, o seu texto foi muito esclarecedor sobre esse lamentável incidente.Esse bloqueio à Gaza é realmente um mal necessário em razão do descontrole dos extremista do Hamas, o que impossibilita alguma negociação racional de interesses na região. Em todo caso, a via legítima para desconstituir qualquer embargo no âmbito internacional, é, e deve ser sempre, o Conselho de Segurança da ONU. O que não me parece razoável é tentar fazê-lo na marra, com embarcações cívis, diante de uma poderosa força militar, e depois acusar Israel de usar imoderadamente a força. Se o bloqueio é reconhecido como legítimo para defesa de Israel pelo Conselho de Segurança da ONU, Israel age no uso regular da força

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  2. cara, germano, esse texto tá muito bom, muito esclarecedor, acho que merece ser publicado em algum jornal de grande circulação, tipo O Povo ou Diário. Que acha de tentar publicar?

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  3. Passei grande parte do meu 3º ano ouvindo professores de História explicarem os conflitos no Oriente Médio.Hoje, em quinze minutos, lendo seu texto, tudo ficou muito mais claro.Germano,simples assim...
    Vi outras matérias sobre o assunto, nelas percebe-se uma postura de ataque a Israel. Frases do tipo:"O problema é que os países do mundo inteiro tem medo de Israel" e "Eles(israelenses) foram acusados de usar força desproporcional".
    Não podemos formar opinião se só possuirmos uma versão dos fatos. Se tivermos mais de uma versão, isso é ótimo.Porém, se conseguirmos um discurso livre, justo e imparcial, é a glória.
    Se todos tivessem acesso a textos como o seu, Germano, certamente poderíamos falar numa plena democratização da informação.
    Parabéns!

    Waltenusia Maia

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  4. Que bom, Waltenusia! Fico contente que você possa ter visto o outro lado da moeda. Beijos.

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