segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Viagem de Moto a Teresina Parte 1



Foto: Ao fundo a subida da Serra Grande vindo de Teresina.

Estava tudo pronto para passarmos o Natal juntos, meus irmãos e eu. Mas, uma notícia inesperada nos pegou de surpresa: nosso irmão Gil que mora em Teresina dera entrada na UTI com altas taxas de diabetes. E não pôde vir mais para o Natal. Então, decidi fazer uma surpresa: decidi ir a Teresina. De moto. Mas era uma decisão que eu precisava pensar com calma, pois era nada mais nada menos que 1200 km para ir e voltar. Não eram os meros 120 km que eu estava acostumado a fazer indo a praia de Flecheiras ou à Serra de Guaramiranga no Ceará. Então, tinha que pensar, pois o que mais me preocupava era a dormência e dor causadas pelo longo tempo sentado na moto. Aquilo era de um desconforto terrível e não sei como lidaria com isso. Poderia atrasar a viagem com longas e frequentes paradas.

Então, aconteceu algo que mudou tudo. Estava olhando livros na Cultura quando vi um título bastante sugestivo de um fotógrafo muito conhecido em Fortaleza. Mas não era um livro de fotografias, mas de moto! MANUAL DO VIAJANTE SOLITÁRIO, de José Albano. Um livro delicioso que li em um dia. Albano viaja há 25 anos numa Honda ML 125 da década de 80! Pelo Brasil inteiro, acampando. Não estava interessado em acampar, mas estava interessado em muitas dicas que ele dava no livro. E, como uma resposta do céu para minhas angústias, estava lá a mais preciosa de todas: a que ensinava a viajar de moto sem o desconforto do assento. Falando num português claro: sem dor na bunda.

Albano conta que o segredo é uma almofada d'água. A água da almofada faz o sangue circular, impedindo dormência e dor. Cadeirantes e pessoas idosas prostradas sabem disso. Comprei a almofada imediatamente, enchi de água até a metade, tirei o ar, comprei um elástico e amarrei no banco. Pus a almofada no assento e, por conta da falta de tempo, só pude fazer o “teste driver” no dia de minha partida.

Saí de Fortaleza às 9h. Da Aldeota, onde moro, até a saída da Av. Mister Hull em direção a Caucaia, levei 35 minutos. Um trânsito terrível, que vem, infelizmente, se tornando cotidiano na Cidade. Atravessei o confuso Centro de Caucaia e tomei a BR 222.
Uma rodovia caótica: cheia de buracos, buchas provocadas pelo calor e desníveis ocasionados pelo peso dos caminhões. Estes, aliás, os verdadeiros donos da estrada. Porém não por direito somente, mas por força. Estava lá eu, um mosquitinho barulhento no meio daqueles dinossauros de ferro de 5 toneladas, me livrando de sua presença e resistindo à sua passagem, cujo impacto do vento contrário é uma bofetada perigosa.
Mas havia um elemento ainda pior pelo qual eu ainda não conhecia: o vácuo provocado pela passagem dos caminhões. Verdadeiras correntezas de vento que arrastam você para junto da traseira do veículo pesado. Um perigo! É preciso atenção aí.

Minha primeira parada foi em Itapagé, a 120 km. Até lá é preciso muitos cuidados. Almocei com a família de minha namorada e me admirei com a beleza das rochas e o formato das famosas Pedra da Caveira e Pedra do Frade. Fui embora antes de ver um fenômeno diário que toma conta da cidade serrana todo dia antes e depois do almoço. Algo que apelidei de "Onda Azul".

São algo em torno de 500 motoqueiros vindo de duas fábricas de calçados Paquetá, vestidos de uniformes azuis, saindo para o almoço, o que já se tornou uma intervenção nesse horário. Tanto que os locais se programam para sair ou chegar antes desta "onda", ou “dos Paquetá”, como dizem.

Segui para Sobral numa estrada em obras com um calor insuportável. Uma estrada que nunca foi boa. Talvez estas obras sejam a definitiva para acabar de vez sua má qualidade. Mas a sinalização da BR 222 é precária, e houve períodos que andei quilômetros sem uma sinalização nem para dizer a que distância eu me encontrava de tal e tal cidade. (Segue abaixo)

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